sábado, 16 de julho de 2016

Passeando por Paraty

Olá!
Retomando o Blog depois de muito tempo! Muito tempo mesmo! A verdade é que o Jones deveria estar realizando as postagens, mas como a louça que eu deixo na pia, "ficou pra depois".  Assim estou retornando depois de um longo tempo e muitas mudanças na vida.

Mas cá vamos com uma viagem que ganhei de aniversário do Jones e de um amigo nosso, uma viagem de final semana para Paraty, terra da cachaça, do alambique e do Caminho Real.
Uma das coisas que mais amo em ter me casado com o Jones são os amigos dele. Pela primeira vez os raios cósmicos e as forças do universo se confluíram em um movimento perfeito de entrosamento. Adoro os amigos dele, eles me adoram (acredito eu) e os meus amigos gostam dos amigos dele. Coisa deliciosa. Isso tornou possível uma viagem que o "nosso" amigo Sérgio agendou e coordenou para Paraty, no Rio de Janeiro. Como carioca e historiadora, pasmem, nunca tinha ido à essa cidadezinha encrustada na Mata Atlântica por um lado e cercada pelo mar do outro. Sempre achei que devia ser uma cidade caríssima visto as tabelas tarifárias da maior parte dos hotéis e pousada que vi na internet. Uma dica de pesquisa é esse site: http://www.paraty.com.br/hoteis.asp (Eles fazem uma divisão por preço ou localidade). Como fomos de ônibus escolhemos uma pousada um pouco depois da rodoviária e do centro histórico na Avenida Roberto Silveira (http://www.paraty.com.br/brisadaserra/). A localização foi fundamental já que o Jones não pode andar muito. Ah! E também se forem de ônibus saibam que a viagem demora no mínimo cinco horas. Dramin na veia. Esqueci o meu e me ferrei na volta.
O ônibus de viagem que pagamos foi o convencional da empresa Costa Verde. Ele possuí o adesivo de acessibilidade, mas a minha casa é mais acessível que o ônibus. Caso seja cadeirante vai ter de subir no colo. Jones teve que fazer uma forcinha extra pra subir as escadas. A viagem em si:você passa umas cinco horas no ônibus e sempre tem alguém que passa mal (não sei porque mas comigo é sempre assim). Se prepare por cheirinho. São várias voltas e curvas na estrada que corta a Costa beirando o mar. Prepare a câmera já que depois de uma curva pode vir uma paisagem linda do oceano, ilhazinhas e um pôr-do-sol incrível. 

Voltando ao post. Paraty é uma cidade charmosa e deliciosa. Não vou ficar me alongando aqui sobre a história da cidade, pois você pode pesquisar em diversos sites por aí. O que devemos saber é que Paraty teve seu momento áureo na época do ouro quando o caminho real terminava por lá e servia como porto de escoamento dos metais preciosos de Minas Gerais. Da abertura do caminho novo que modificou a rota para o Rio de Janeiro, Paraty viveu quase esquecida quando em fins do século XX foi redescoberta como rota turística. O seu centro histórico é todo tombado e foi por lá que ficamos.
Chegamos na cidade quase meia-noite debaixo de uma chuva e de um frio de cortar a pele (15° C) e fomos andando para a Pousada (cujo endereço tinha esquecido em casa e saímos perguntando para toda viva alma pelo local - não façam isso pois lá existem por volta de 180 pousadas). As ruas fora do centro histórico são tranquilas para andar, tanto na calçada quanto pelo asfalto. Conforme a distância do Centro Histórico aumenta (que é ponto turístico em questão) o calçamento e o asfalto começam a apresentar desgastes, desníveis e falta de rampas. A dica é ficar perto do Centro.
Como a cidade é pequena, dá pra ir andando a quase todos os lugares. Da rodoviária você pode ir a pé ou pegar um táxi (há um ponto na mesma rodoviária). Outra dica é entrar no site da Cidade Histórica para ver preços de pousadas, hotéis e a acessibilidade que oferecem. Não vou mentir, Paraty é bem salgado. Os preços acompanham bem a inflação. Assim, para garantirmos o custo x benefício, a pousada que escolhemos estava um pouco afastada do Centro, mas perto o suficiente para que o Jones pudesse voltar andando. Ao ligar para as pousadas pergunte se elas disponibilizam quartos com acessibilidade, pois procurei em muitos sites de pousadas e não encontrei essa informação. Então comecei a ligar e a perguntar se havia pelo um quarto no térreo. Pelo que percebi acontece o seguinte, Paraty não recebe muitas pessoas com deficiência ou cadeirantes, por isso os quartos no térreo são reservados para idosos. Como nossa viagem foi um presente, ficamos hospedados numa pousada cujo quarto do térreo já tinha sido reservado à uma família com um membro idoso, portanto Jones teve que subir um lance de escada de madeira (que escorregava horrores) para chegar no quarto (pequeno, mas ok!).
D\e lá fomos andando até o centro, em passinho devagar, e como eu já disse quanto mais próximo do centro Histórico, mais a infraestrutura urbana melhora.

A população flutuante da cidade é enorme e vários são os idiomas e sotaques que você ouve ali e aqui. Prepare-se, pois como já disso, o preço acompanha a inflação. Pão com mortadela comprado do supermercado pode ser a grande pedida da noite se você for um viajante pobre como eu. Acordar cedo, só se for passeio de escuna. Se não, apareça no Centro Histórico só pelas 10h da manhã. As lojas do Centro só abrem mesmo à tarde e à noite. E tênis, muito tênis nos seus pés. Nada de salto ou sandalinha. Todo o o Centro Histórico de Paraty é de pedra pé-de-moleque.
As pedras são um desafio à parte para todos os turistas, com deficiência ou não. Vi gente torcendo pé, andando pulando de pedra em pedra. E para completar na noite anterior havia chovido tornando o centro das ruas (que são em nível mais baixo que os cantos) em verdadeiras poças e piscinas. Eu caminhando com dificuldade, tentando não escorregar e carregar o Jones junto, vi estarrecida dois entregadores de bicicleta zanzando pelas ruas históricas com a mesma destreza que eu caminho no asfalto. Pensei que eles deviam aprender a andar de bicicleta ali antes mesmo de aprenderem a andar. Jones fez malabarismos com a sua bengala, mas não caiu uma só vez. Orgulho do meu menino! Ainda vimos um cadeirante andando com destreza pelo local.Conversando com a dona da Pousada ficamos sabendo que numa obra para o cabeamento subterrâneo de energia, as pedras do centro histórico não foram colocadas corretamente dificultando mais ainda o que já era dificultoso. Seria interessante colocar rampas de madeira nas laterais das ruas, facilitando o acesso às pessoas com dificuldade de locomoção.
Visitar as igrejas históricas de Paraty foi um capítulo à parte. Duas estavam fechadas. A matriz conseguimos entrar e nos deparamos com um cachorro "rezando" aos pés da imagem de um santo. A outra (a de Santa Rita) sofremos bullying. O segurança nos fez dar a volta inteira no quarteirão 9pois não tinham uma rampa de acesso) para que o Jones pudesse chegar na Igreja e ter o prazer de dizer na porta que estava fechada para almoço. Lojas e Igrejas, em sua maioria, possuem entrada com degrau (ou degraus), não possuem rampa de acesso ou elevador acessível. Visitar Paraty é muito recompensador, uma experiência incrível, mas também problemática no que quesito acessibilidade. Mas como o moço cadeirante que perambulava sozinho pelas ruas do Centro. Tenha força de vontade que vale a pena!
Comemos no que achamos ser o restaurante mais barato do lugar com um "PF" de R$ 18,00 que infelizmente não comi pois o meu peixe era só espinha.Os demais adoraram seus pratos. Sorte a minha né?! E depois saboreamos um cafezinho no Café Divino. Sensacional! Café coado na sua frente, na sua mesa, com a proprietária que adora conversar tornando tudo muito mais aconchegante. Volto lá com certeza. Quanto ao restante das refeições foi o pão com mortadela da padaria mesmo, e estava delicioso.